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domingo, maio 07, 2006

(intervalo) 

...temporário

quarta-feira, agosto 10, 2005

(Des)Construir a História 

?A História é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe mais."
(Pierre Nora)

Para quem gosta de História, a maior de todas as frustrações é saber, à partida, que se tem um ?puzzle? ao qual faltam peças. Por muito esforço que se ponha na montagem desse ?puzzle?, sem as (muitas ou poucas) peças que lhe faltam, nunca teremos um resultado final perfeito, uma total compreensão do que estamos a estudar.

A questão é: Será que é válido substituir essas peças pela nossa imaginação? Já houve um tempo (durante muito tempo) em que a História se fazia de mitos e lendas, do sonho e espírito dos homens que a contavam. E era o que tínhamos, era a base de onde partíamos para a compreensão do mundo. Desde o séc. XIX, com o advento do positivismo, que a preocupação com a verdade, com o relatar os factos de forma tão precisa quanto possível, vem crescendo acompanhada pelo desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia que nos vão ajudando a revelar detalhes preciosos sobre o nosso passado.

Mesmo assim, as peças em falta continuam a escapar-nos. Se não faltar mais nada, falta o termos estado lá, o testemunho directo. Nunca saberemos o que pensava Napoleão ou se Filipe II tinha mesmo tudo (menos um fecho-éclaire). Resta-nos aceitar as lacunas ou tentar preenchê-las com a nossa experiência, o nosso sentido das coisas, as nossas opiniões. Na verdade, tal como acontece com a Literatura e a Poesia, acredito que a História só tem a ganhar quando lhe acrescentamos um pouco de nós. É o presente ao encontro do passado que vai ganhando nova vida.

Tal como as pessoas que, enquanto são lembradas, nunca morrem na verdade, também a História é assim ? enquanto houver quem queira estudar, ler, aprender mais sobre o passado do mundo e dos homens e esteja disposto a colmatar as frechas com um pouco de sonho para que o conteúdo não se dilua no vazio, o passado continuará tão vivo e emocionante como quisermos que ele seja.

Daqui a mil anos, quando formos pouco mais do que poeira, quem nos quiser estudar terá pouca dificuldade em encontrar documentos, registos, provas irrefutáveis daquilo que fomos (isto é, se conseguirmos fazer com que a nossa tecnologia nos sobreviva e se ainda sobrar algum pó para nos enterrar?) A maior dificuldade desses futuros historiadores será compreender as nossas motivações, as razões que nos levaram e consumir-nos e a esgotar os recursos abundantes do mundo em que vivemos. Talvez a imaginação desses novos estudantes possa, então, dar-nos alguma razão para os nossos actos inconsequentes de hoje.

sexta-feira, agosto 05, 2005

(...) 

Parei de escrever neste Livro há muito tempo. Parei porque às vezes há dores tão grandes, que nos adormecem os sentimentos e as vontades, as coisas deixam de fazer sentido, os sabores tornam-se amargos e as cores ficam tristes. Fiquei dormente, apática, tive a necessidade de sacrificar bocados de mim, um pouco como quem se provoca uma dor para desviar a atenção de outra dor maior.

Hoje volto a escrever neste Livro.

quinta-feira, setembro 23, 2004

(...) 

Pausa Indeterminada

terça-feira, junho 01, 2004

Princesas de Portugal, rainhas da Dinamarca 

Duas das rainhas da Dinamarca foram portuguesas. A primeira chamava-se Berengária (o nome pode parecer estranho nos dias que correm, mas era bastante comum na Idade Média) e era filha do segundo rei de Portugal, D. Sancho I e de D. Dulce de Aragão.

Berengária nasceu por volta do ano de 1195. Era a 11ª filha dos reis. O trono de Portugal estava assegurado, por isso restava tratar das alianças políticas que os casamentos consagravam da maneira mais eficaz e durável.

Durante a época medieval, feliz era o homem que tinha farta descendência, independentemente da posição social. Os mais pobres tinham mais bocas para alimentar, é certo, mas tinham também mais braços para o trabalho dos campos ou dos ofícios e tímidas indústrias, a maioria de cariz familiar, que iam despontando nos lugares onde a guerra não era tão presente e os recursos naturais ajudavam. O homem medieval era totalmente dependente da natureza, é preciso não esquecer. Estava à mercê dos elementos, daí o número de pessoas que pudessem contribuir para a empresa familiar ser factor essenial para a sobrevivência de todos. Mas adiante.

Para os nobres, não era tanto o número de braços para a lida que contava. A sua lavoura era outra, de natureza política. Na Europa começava a assentar a poeira levantada pelos reinos bárbaros que se foram alegremente conquistando, anexando e chacinando até que um novo usurpador, mais poderoso surgiu no horizonte e obrigou os reinos cristãos a unirem forças em nome da sobrevivência comum. A luta contra os mouros era agora a prioridade mas, não esquecendo disputas ainda recentes, era fundamental para os recém-nascidos reinos europeus estabelecerem acordos de ajuda e cooperação. Estes acordos eram sacramentados, sempre que possível através do casamento que, apesar de apenas válido quando celebrado por um membro da Igreja, assumia claramente e antes de qualquer outra coisa, a forma de contrato.

Para os noivos, o amor não fazia parte da equação. Um casamento deveria unir duas famílias ou dois reinos, ser abundante em termos de descendência e durar até à morte de um dos cônjuges. A satisfação pessoal, a escolha, a vontade não eram tidas em conta. Neste aspecto, é de crer que as classes mais baixas da sociedade fossem mais felizes pois o dever não se lhes impunha desta forma.

Assim, ricos e pobres acabavam por ser objecto do interesse familiar, sendo as suas vidas usadas da maneira que melhor conviesse. A Berengária coube-lhe em sorte consumar a aliança entre Portugal e Dinamarca, através do casamento com o rei Valdemar II, conhecido como O Vitorioso.

E assim partiu de Portugal, onde nunca mais voltaria. Tinha cerca de 19 anos e nunca tinha deixado o paço. Partia para um país distante, frio, tão diferente de Portugal, para casar com um homem mais velho (Valdemar tinha cerca de 44 anos na altura), que não conhecia e de quem mal tinha ouvido falar.

O casamento aconteceu em em 1214. Berengária teve dois filhos e ambos foram reis da Dinamarca. Faleceu em 1221, mas marido sobreviveu-lhe e voltou a casar ainda mais uma vez (Berengária era a segunda mulher do rei).

Rainha da Dinamarca foi também a princesa D. Leonor, sobrinha de Berengária, porque filha do seu irmão que herdou o trono de Portugal, após a morte de D. Sancho, D. Afonso II (aliás, foi já este rei quem negociou o casamento da irmã com Valdemar II).

D. Leonor nasceu em 1211 e tornou-se rainha da Dinamarca em 1229, pelo seu casamento com Valdemar III, seu primo, filho de Berengária. Era a terceira filha dos reis, uma vez mais, a coroa estava bem assegurada por dois varões, Sancho e Afonso (era grande a criatividade da dinastia de Borgonha no que se refere aos nomes dos filhos...). Morreu depois de 1231.

Assim era a vida das mulheres nesta época. Curta, por norma, e decidida pelos homens. Mas, como sempre, houve excepções. Um dia destes falarei sobre algumas.

quarta-feira, março 31, 2004

Sem papas na língua 

Digo, pois, ao meu rei:

Para ter conhecimento de uma nação, não basta conhecer o presente; é preciso conhecer o passado para não chorar o futuro.

(Da carta de um conselheiro do rei Filipe IV de Espanha, a propósito da continuação da guerra com Portugal).

segunda-feira, março 29, 2004

Vinte e quatro palmos perfazem um homem 

Homem Vitruviano


(Leonardo da Vinci, Homem Vitruviano, c.1490, Galleria dell'Accademia, Veneza)

Marcus Vitruvius, arquitecto romano que viveu no século I da nossa era, foi autor do tratado De architectura, obra de estudo e referência incontornável durante a Antiguidade. Ao longo dos seus dez volumes, Vitrúvio fala de arquitectura em geral, de planeamento urbano, de materiais de construção, além de identificar vários tipos de edifícios, públicos e particulares, religiosos e laicos. Fala igualmente sobre máquinas, de aplicação civil e militar, como, por exemplo, relógios e máquinas hidráulicas. Vitrúvio era um estudioso e admirador da arquitectura grega e o seu tratado pretendeu preservar a tradição clássica no traçado de edifícios públicos.

Mas o que o homem constrói deverá ter como escala o próprio corpo humano e como valores de referência as proporções humanas. Assim, Vitrúvio dedicou-se também, e antes de mais, ao estudo das medidas humanas e relacionou-as com a arquitectura.

Leonardo Da Vinci, homem de interesses vastos, interpretou o tratado de Vitrúvio à luz da nova época e do novo homem do Renascimento, que se redescobria como a medida de todas as coisas. Este desenho, da autoria de Da Vinci, é um esquema das proporções humanas segundo os estudos e a obra vitruviana.

segunda-feira, março 22, 2004

Inês de Castro 

Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito,

(Luíz Vaz de Camões, Os Lusíadas, Canto III)

Até ao fim do mundo
(Inscrição do túmulo de D. Pedro I, no Mosteiro de Alcobaça)

Columbano Bordalo Pinheiro - Morte de Inês, 1901/1904, Museu Militar, LisboaEm Agosto de 1340 a Sé de Lisboa assistia ao casamento do príncipe português D. Pedro e de D. Constança, fidalga castelhana. No séquito desta, entre outras, vinha Inês, fidalga de linhagem galega, e prima em segundo grau de D. Pedro. Apesar de parentes, nunca se tinham encontrado antes. Dizem que Inês era linda, de cabelos louros e figura delicada, senhora de um colo alvo e longuilíneo, o qual comparavam ao da garça (era o ideal de beleza feminina da Idade Média, segundo o qual a mulher devia ser tão pálida que, quando bebesse vinho, este devia ser visto a escorregar pela garganta através da pele).

O casamento de Pedro e Constança era de conveniência. Uma aliança contra o rei de Castela, Afonso XI (o pai de Constança mantinha uma contenda com este rei). Até aí, nada de novo, atendendo a que o casamento, sobretudo entre nobres, era antes de mais um contrato, uma aliança de forças e interesses, regra geral motivada por questões políticas. A infidelidade, sobretudo a dos homens, era tolerada desde que se mantivesse discreta. As concubinas do rei tinham o seu lugar consagrado numa espécie de sociedade paralela, cujas regras não se encontravam escritas em parte alguma, mas que todos conheciam. D. Pedro quebrou essas regras ao tornar público e notório o seu envolvimento com D. Inês.

A morte de D. Constança trouxe ainda maior liberdade a D. Pedro que já tinha três filhos com Inês e com ela vivia amancebado. Aqui começaram as (literalmente) reais preocupações do pai, D. Afonso IV e da nobreza portuguesa. D. Constança tinha morrido deixando apenas um filho, D. Fernando. Numa época em que a mortalidade infantil era comum, independentemente da classe social, temia-se que, por morte do príncipe, um dos filhos de Inês pudesse um dia subir ao trono. Mas, mesmo que nada de tão drástico ocorresse, um dos bastardos poderia a qualquer momento e desde que tivesse apoios para tal, impugnar a legitimidade do meio-irmão e lançar o reino numa guerra civil.

Além disso, os dois irmãos de Inês adquiriam grande influência junto de D. Pedro e pressionavam o príncipe no sentido de tomar para si o trono de Castela, ideia que D. Pedro acabará por aceitar em 1354, mas que não será concretizada devido à intervenção de D. Afonso IV. Nobreza e rei temem que D. Pedro acabe por arrastar Portugal para as lutas dinásticas de Castela. D. Inês é vista por todos como a principal responsável pelas novas ambições do príncipe e pela instabilidade latente do reino.

Nobres influentes, como Diogo Lopes Pacheco, Pero Coelho e Álvaro Gonçalves, convencem o rei de que apenas a morte de Inês de Castro poderá resolver o estado das coisas. A 7 de janeiro de 1355 aqueles três e el-Rei aproveitam uma ausência de D. Pedro para invadir o Paço de Santa Clara, em Coimbra, onde vivia com Inês.

A morte de Inês fez com que D. Pedro pegasse em armas contra o pai. A intervenção do bispo de Braga e a iminência de uma guerra civil fizeram com que o príncipe recuasse e inclusivamente aceitasse perdoar os assassinos de Inês.

Com a morte de D. Afonso IV, em 1357, D. Pedro sobe ao trono e uma das suas primeiras medidas foi negociar com o seu primo, Pedro de Castela, a troca de de homiziados castelhanos em Portugal por homiziados portugueses em Castela (apesar da promessa de perdão, os assassinos de Inês consideraram que seria mais seguro exilarem-se em Castela). Assim são entregues à justiça portuguesa Pero Coelho e Álvaro Gonçalves. Diogo Lopes Pacheco consegue fugir a tempo de Castela para Aragão e daqui para França.

O rei assistiu à tortura e morte dos dois nobres enquanto comia. Diz a lenda que a um mandou arrancar o coração pelas costas e a outro pelo peito. A partir deste momento, D. Pedro passa a aplicar a justiça de terra em terra, de forma crua e inclemente, sem fazer distinção entre nobres e plebeus. Esta igualdade perante a lei agrada ao povo, da mesma forma que lhe agrada o comportamento simples e folião do rei, que participa nas festas e arraiais populares como se ao povo pertencesse. Por Ter tornado a justiça na sua obsessão, D. Pedro passou à História como o Justiceiro, mas há também quem lhe chame o Crú pela sua impassividade durante a aplicação das penas que decretava.

Para si mesmo e para Inês mandou esculpir dois túmulos na igreja do Mosteiro de Alcobaça. Quis que os túmulos ficassem um de cada lado da nave central, pés com pés, para que, na hora do juízo final, quando os mortos ressuscitarem, ela seja a primeira coisa que ele veja. A estátuta jacente de Inês está coroada, como se de uma rainha se tratasse. Os túmulos são dois dos grandes expoentes da arte tumular medieval portuguesa e, apesar de terem sido vandalizados por altura das invasões napoleónicas, conservam muita da sua grande beleza.

Em 1361 D. Pedro manda trasladar os resto mortais de D. Inês, do Mosteiro de Santa Clara para o Mosteiro de Alcobaça e dá-lhe honras de rainha. A lenda diz também que o rei forçou os nobres a prestar vassalagem ao cadáver de D. Inês, obrigando-os a beijar-lhe a mão, mas sobre este momento, recomendo a leitura da peça de teatro “Pedro, o Crú”, de António Patrício, um dos textos mais bonitos algumas vez escritos para teatro em Portugal.

D. Pedro não voltou a casar mas teve outras amantes e outros filhos. Os maiores receios de D. Afonso IV e da nobreza – a guerra com Castela, a guerra civil e a eventual perda da independência - acabariam por acontecer, provocados justamente pelo legítimo herdeiro do trono, D. Fernando, o menos aclamado dos reis portugueses. Por ironia da vida e da História, seria um filho bastardo de D. Pedro a subir ao trono, a derrotar castela e a pacificar o reino, mas este novo rei não era nenhum dos filhos de Inês.

Inês Negra 

A batalha de Aljubarrota não pôs fim ao conflito entre Portugal e Castela. Em 1388 D. João I pedia em Côrtes que lhe fosse concedido recuperar as terras perdidas e as que haviam tomado o partido de Castela na contenda, sobretudo as que, pela posição geográfica, tinham maior valor estratégico na defesa do reino. Uma dessas terras foi Melgaço, no alto Minho.

Em Melgaço vivia uma mulher de seu nome Inês, conhecida como a Negra. Admiradora de D. João I e fiel a Portugal, Inês nunca se conformou que Melgaço tivesse escolhido ficar do lado dos castelhanos. Assim, quando soube que o rei português se aproximava da cidade com um exército determinado a recuperá-la, logo Inês se colocou ao seu serviço.

As primeiras investidas dos portugueses foram mal sucedidas, visto que os castelhanos controlavam a cidade. Assim, apenas restava aos portugueses a hipótese de montar cerco às muralhas e esperar que os castelhanos desistissem por meio da fome, da doença e do cansaço.

Mas Inês Negra tinha uma rival, que era chamada de Arrenegada por ter tomado o partido de Castela e um dia, eis que a Arrenegada lança, do alto das muralhas, um desafio a Inês. As duas deveriam bater-se em duelo para ultrapassar o impasse do cerco, visto que a Arrenegada assegurou a Inês ter permissão do chefe da guarnição castelhana para, num combate único entre as duas, resolver a batalha e o destino de Melgaço. Inês não hesitou e de imediato pediu permissão a D. João I para aceitar o repto. O rei, depois de confirmar a veracidade das palavras da Arrenegada, anuiu à luta entre as duas mulheres.

No dia e à hora marcada, Melgaço assistiu ao combate feroz entre a Inês Negra e a Arregada, que se defrontaram primeiro com armas e depois, segundo reza a lenda, a punho, dentes, unhas e pés. Tão enérgica foi a luta que a Arrenegada se viu obrigada a fugir, esfarrapada, coberta de nódoas negras e arranhões e com a farta cabeleira bastante desfalcada devido ao ímpeto furioso de Inês.

Fiéis à sua palavra, os castelhanos cessaram a luta e entregaram o castelo aos portugueses.

Inês Negra passou à História e entrou na lenda de Melgaço e da mátria portuguesa como uma das mais convictas e convincentes heroínas da luta pela independência. Definitivamente era uma mulher de acção. Se os motivos que a levaram a defrontar a Arrenegada eram unicamente os que a crónica e a lenda relatam, ou se as duas mulheres tinham entre si razões mais íntimas e pessoais que as levaram a pelejar com tanta paixão, não existe forma de sabermos.

Mas, como diz a Inês Alva, a quem quero agradecer ter-me avivado a memória sobre esta lenda, vale sempre a pena viajar até ao alto Minho, seja qual for o pretexto (ou mesmo sem pretexto algum), para descobrir algumas das descendentes de Inês, de Deuladeu e de outras que no anonimato não foram certamente menos valentes.

quinta-feira, março 18, 2004

Francisco de Assis 

São Francisco - Pois é dando que se recebeUm dia, enquanto a minha mãe e eu remexíamos em fotografias antigas, descobri as do meu baptizado e vi que o padre não estava vestido de branco, como habitualmente, mas sim com um hábito castanho. A minha mãe explicou-me que era um padre franciscano e contou-me a história de São Francisco de Assis. O que mais me interessou na altura, foi a importância que São Francisco dedicou aos animais, ao ponto de os considerar iguais às pessoas. Eu, que pouco tempo antes tinha misturado o pêlo do meu cão que tinha morrido, à primeira madeixa cortada ao meu cabelo e religiosamente guardada pela minha mãe, fiquei feliz por saber que existia mais alguém que também amava os animais como eu. A partir daí tornei-me admiradora de São Francisco. Anos depois, fui à descoberta da sua vida, pensamento e obra. Aqui está um pouco do muito que descobri até agora.

Francisco nasceu em Assis, na Umbria, em ano incerto (1181 ou 1182). Era filho de um mercador rico de seu nome Piero Bernardone. Como filho primogéntito, toda a família esperava vê-lo seguir os prósperos negócios familiares, mas em 1201 Francisco fez parte de um ataque a Perugia, onde foi feito prisioneiro. Ao fim de um ano de cativeiro e doença, Francisco começou a tornar-se religioso. Mesmo assim, ainda tomou parte noutra campanha militar durante a qual teve um sonho em que Deus o chamava ao seu serviço.

De regresso a Assis, começou a cuidar dos doentes mas outro sonho levá-lo-ia ao eremitério, muito comum durante a Idade Média. Na verdade, o homem-santo medieval acreditava que, para estar perto de Deus, deveria primeiro isolar-se do mundo e viver longe de todo o conforto e tentação terrena. Mas o pai de Francisco tinha outros planos para o filho e tentou obrigá-lo a voltar à sua antiga vida. O resultado foi devastador: Francisco abdicou de todos os seus direitos e fez oferta de todos os seus bens terrenos, incluindo as próprias roupas.

Tal gesto impressionou outros jovens que se lhe juntaram em peregrinação. Francisco deu aos seus seguidores uma Regra que receberia mais tarde a aprovação papal. Os Frades Menores viajavam pela Itália em pregação, enaltecendo a simplicidade e a pobreza como valores maiores. Para sobreviver trabalhavam e mendigavam e qualquer excesso era oferecido aos mais pobres. Assim nasceu a primeira ordem mendicante que revolucionou a Igreja medieval, tão distante dos homens, sobretudo dos mais desfavorecidos.

Por oposição aos monges que viviam recolhidos, longe do mundo e dos homens, os frades mendicantes viviam nas cidades, no meio da maior miséria imaginável. Eram padres e enfermeiros e a sua vida despojada provocou a primeira convulsão no seio da Igreja que, embora contra vontade, cedo percebeu que o melhor que tinha a fazer era dar a sua bênção a estes novos cristãos. Outros seguiram o exemplo de Francisco e as ordens mendicantes multiplicaram-se.

Hoje, é fácil compreender o que levava estes jovens a escolher esta vida difícil e cheia de riscos. As alternativas eram a guerra, o trabalho nos campos que era, ele próprio, uma verdadeira batalha contra os elementos naturais, ou a vida na cidade, a trabalhar de sol a sol num qualquer ofício, do qual os operários eram autênticos escravos. Por sobre estes cenários, pairavam os mesmos fantasmas: a doença, as mil e uma epidemias que assolavam a Europa, a fome e a morte. A esperança de vida era muito limitada, o que aumentava o furor religioso. Deus era uma boa resposta e o reino dos céus, mesmo incerto, era um lugar muito mais apelativo do que a vida na terra. Assim, viver em oração e peregrinação, ajudar os mais pobres entre os pobres não só seria agradável aos olhos de Deus como daria um sentido às vidas que já nasciam desnorteadas.

O aumento de seguidores fez com que Francisco, que nunca quis fundar qualquer ordem, fosse obrigado a escrever uma Regra mais complexa. Pobreza, castidade e obediência eram os votos dos franciscanos, que se vestiam com um simples hábito de burel ou estôpa e usavam como único adorno um cordão à cintura.

Pouco tempo depois de ter escrito a nova Regra, Francisco abandonou a Ordem e voltou à vida de contemplação. Sozinho, no meio das montanhas, recebeu os estigmas, as feridas de cristo. Voltou à cidade várias vezes para visitar os franciscanos e a ordem de Santa Clara, fundada pela sua amiga Clara Sciffi em 1212 (também ela filha de uma família rica de Assis) e que seguia preceitos semelhantes aos dos franciscanos. Morreria em 1226.


Milhares de pessoas foram atraídas ao apelo de Francisco. Um deles nasceu em Portugal, mas viveu a maior parte da vida em Itália. Tornar-se-ia também ele santo e o primeiro Doutor da Igreja. Até hoje, o seu processo de santificação foi o mais rápido da história. O nome que escolheu foi António.

Um outro olhar sobre as descobertas 

Não me temo de Castela
donde inda guerra não soa;
mas temo-me de Lisboa,
que, ao cheiro desta canela,
o Reino nos despovoa.


(Cancioneiro Geral, Francisco Sá de Miranda)

quarta-feira, março 17, 2004

Deus a Deu 

Brasão de MonçãoO brasão da cidade de Monção representa uma mulher junto a uma torre com um pão em cada mão e a legenda “Deus a Deu – Deus o Há Dado”. A mulher é Deuladeu Martins que, segundo reza a lenda que se misturou com a História, salvou a praça de Monção do cerco castelhano utilizando um ardil arriscado mas sem dúvida inteligente. Hoje, podemos chamar-lhe bluff, na altura chamaram-lhe salvação.

Corria o ano de 1368 e Portugal estava entretido no seu passatempo preferido durante a Idade Média (e não só): a guerra com Castela. Desta vez, o conflito opunha Fernando de Portugal a Henrique de Trastâmara. Deuladeu Martins era mulher de D.Vasco Rodrigues de Abreu, comandante da praça de Monção que se viu cercada pelo exército castelhano, comandado por Pedro Rodrigues Sarmento. Este parecia não dar mostras de cansaço, enquanto que dentro das muralhas de Monção, a fome e o medo grassavam. D. Vasco estava ausente e coube a Deuladeu a defesa do castelo.

Num gesto desesperado, Deuladeu mandou reunir os últimos grãos com os quais cozeu pães que atirou do alto das muralhas aos inimigos gritando que se quissessem mais, só teriam de pedir. Os castelhanos entreolharam-se estupefactos e, pensando que dentro das muralhas de Monção havia fartura, retiraram-se, deixando a praça livre.

terça-feira, março 16, 2004

Padre António Vieira 

Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam ignorâncias; Heraclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias: logo maior razão tinha Heraclito de chorar, que Demócrito de rir; porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não há ignorância que não seja miséria

António VieiraAntónio Vieira nasceu em Lisboa, a 6 de Fevereiro de 1608. Aos seis anos de idade, parte para o Brasil na companhia da mãe, Maria de Azevedo, do pai, Cristóvão Ravasco, fora nomeado escrivão da Relação na Baía e do irmão Bernardo, que terá de defender no tribunal inquisitorial, muitos anos mais tarde.

Será no Colégio da Companhia de Jesus da Baía, que António Vieira sentirá a vocação religiosa, mas a ocupação da cidade pelos holandeses em 1624 força os jesuítas e os colonos ao refúgio numa aldeia em pleno sertão. É aí que António Vieira contacta pela primeira vez com os índios, aprendendo-lhes as línguas, conhecendo-lhes os costumes, admirando-lhes o modo de vida, colocando-se a seu lado para os defender de todos os abusos, torturas e humilhações. Estes serão a grande causa da sua vida, aquela pela qual nunca deixará de lutar. Os índios e a alma de Portugal que considera estar doente, intoxicada com promessas de ouro e diamantes até aí nunca achados.

Ordenado sacerdote em 1635, desde cedo António Vieira demonstra os seus dotes como pregador. Em 1641 regressa a Portugal integrado na embaixada de fidelidade da Ordem de Jesus ao novo rei, D. João IV. António Vieira é um prestigiado jesuíta, pregador popular no Brasil, missionário apaixonado e amado pelos índios da aldeia do Espírito Santo, é irmão professo da sua Ordem, mestre de Teologia no Colégio de S. Salvador, lutador contra os sucessivos ataques dos holandeses às possessões portuguesas no Brasil, célebre por um sermão proferido na Baía, contra Deus, que abandonara os católicos para se pôr ao lado dos hereges neerlandeses - uma das suas mais extraordinárias orações (Sermão pela vitória das nossas armas contra a Holanda). À sua espera em Peniche há uma turba inflamada e colérica.

Em 1643 redige uma “Proposta a El-Rei D. João IV”, na qual se declara totalmente favorável aos cristãos novos e apresenta um plano de recuperação económica para o reino. Na sequência deste documento, é nomeado pregador régio e inicia uma intensa actividade diplomática que o levará à Holanda e a França, onde contacta com o Cardeal Mazarino. A sua influência junto do poder régio, a sua constante intromissão em assuntos de Estado como no seu parecer sobre a compra de Pernambuco aos holandeses e a defesa da criação de uma província do Alentejo, trazem grande desconforto à Companhia de Jesus que o ameaça de expulsão. D. João IV opõe-se determinantemente e, após viagem a Roma para contratar o casamento do príncipe D. Teodósio, Vieira volta ao Brasil com funções de missionário no Maranhão. Em 1654 profere o seu mais famoso sermão o “Sermão de Santo António aos Peixes” no qual critica duramente o estilo de vida dos colonos portugueses, desregrado e perdulário que, segundo Vieira, nada de bom poderá trazer para a colónia e para o reino.

Em 1655 regressa a Portugal para interceder a favor dos índios. Conseguindo obter novas leis mais favoráveis regressa ao Maranhão onde escreve “Esperanças de Portugal – V Império do Mundo”. Os colonos expulsam-no juntamente com outros jesuítas.

Há muito António Vieira escreve em segredo sobre o V Império, inspirado pelas profecias bíblicas, mas em que o Bandarra se integra, tal o apreço em que Vieira o tem. O velho sonho: dar a Portugal a sua grandeza antiga.
Estudando profundamente as Escrituras e todos os Santos que falam do imperador que Jesus prometera à Igreja, o jesuíta está firmemente convencido que o V Império só pode ser português (os anteriores tinham sido o dos assírios, o dos persas, o dos gregos e o dos romanos).

Baseado nas palavras de Jesus ao rei Afonso Henriques na batalha de Ourique (na época, uma verdade incontestada), "quero em ti e na tua geração criar um império para mim", António Vieira crê que o rei escolhido é o Encoberto, até aí D. Sebastião. Perdida essa esperança, o pregador interpreta a linguagem vaga e esotérica das profecias para concluir que esse rei é agora D. João IV. O Quinto Império seria de ordem temporal e espiritual. Em ambos os campos, Portugal seria o guia para que se extirpassem as seitas infiéis, se reformasse a cristandade, se estabelecesse a paz em todo o mundo, através de um Sumo Pontífice santíssimo.

Esta construção ideal de António Vieira, prodígio imaginativo e delirante, começaria a tornar-se realidade se o príncipe herdeiro português casasse com a herdeira do trono castelhano. Iniciar-se-ia o Império, com Castela e Portugal sob o mesmo rei. Com novas e confusas efabulações António Vieira transfere o Encoberto para o príncipe D. Teodósio.

Na Corte, porém, odeiam-no. Pela amizade que o rei lhe dedica, pelos sermões duríssimos com que caustica a sociedade portuguesa, pela estranha mania de estar contra os poderosos desonestos e a favor do povo. Querem-no longe, lá no sertão, entre os selvagens.

Após alguns sermões em que, como sempre, António Vieira revela, a par da espantosa cultura, o sentido de justiça e a independência de carácter, D. João IV entrega-lhe o decreto em que os jesuítas passam a ter inteira jurisdição sobre os índios. Daí em diante, as autoridades locais jamais poderão intervir na missionarização, jamais poderão servir-se dos indígenas como escravos. Era o que Vieira pretendia. O rei designa André Vidal para governador do Pará e do Maranhão. André Vidal é um herói da vitória portuguesa sobre os holandeses, amigo de Vieira, sensível aos problemas dos índios e dos negros.

E, como prometera, em Maio de 1655 eis o pregador de novo no Maranhão, portador das melhores notícias. Recusa o convite do rei para ficar. Para sempre, os dois amigos separam-se. D. João IV morre no ano seguinte.

Mas em 1662 um golpe palaciano entrega o trono a D. Afonso VI e Vieira é desterrado, primeiro para o Porto e depois para Coimbra. Preso pelo Santo Ofício e depois mantido sob custódia, após inúmeros interrogatórios, Vieira adoece e acaba por ser amnistiado com a condição de não falar e escrever sobre determinadas matérias.

Em 1669 parte para Roma onde adquire grande notoriedade na corte Pontifícia. Conquista a simpatia da ex-rainha da Suécia, Cristina, que vive em Roma há já 20 anos após ter abdicado do trono e abraçado o catolicismo, O seu palácio é um pólo de atracção de artistas, intelectuais e religiosos. Tal como acontecera em Estocolmo, a rainha, dotada de grande inteligência e cultura, a que se junta uma personalidade misteriosa e controversa, continua em Roma a rodear-se das figuras mais célebres da Europa, uma das quais fora Descartes falecido, em 1650, durante a sua estada na corte nórdica. A mesma rainha que, em 1641, acolheu uma embaixada de D. João IV que tratou de modo afável, reconhecendo o rei que em 1640 subira ao trono, depois de afastar os Filipes de Espanha.

A fama de pregador de Vieira chega aos ouvidos de Cristina. Na época, António Vieira prega em italiano, a rainha escuta alguns dos seus sermões e convida-o para seu pregador. António Vieira recusa o convite, porque, diz, é pregador do seu rei. E porque o que o trouxe a Roma não está completado, apesar dos cinco anos que leva de permanência. Mas, no ano seguinte, consegue, junto da Curia Romana, o seu objectivo. De imediato, volta a Portugal.

Desacatando os impedimentos da Inquisição, volta a combater os métodos do Santo Ofício e fala em defesa dos cristãos novos e dos indios. Em 1675 uma Breve pontifícia louva Vieira e isenta-o da Inquisição.

Em 1681 requer autorização para regressar à Baía e ao seu trabalho de evangelizador. Poucos anos depois é nomeado Visitador Geral dos jesuítas no Brasil, mas não ocupa o cargo durante muito tempo. A falta de saúde e a idade faltam-lhe e acaba por morrer na baía a 18 de Julho de 1697 com 89 anos.

António Vieira foi um dos maiores prosadores da língua portuguesa. Temerário, isento, incorrupto e incorruptível, estóico, altruista, senhor grande inteligência e moral intocável.

sexta-feira, março 12, 2004

Porque amanhã irei a Leiria... 


D Diniz


Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
o plantador de naus a haver,
e ouve um silêncio múrmuro comsigo:
é o rumor dos pinhaes que, como um trigo
de Império, ondulam sem se poder ver.

Arroio, esse cantar, jovem e puro,
busca o oceano por achar;
e a falla dos pinhaes, marulho obscuro,
é o som presente desse mar futuro,
é a voz da terra anciando pelo mar.


D. Diniz de Fernando Pessoa, poema criado em 1934-02-09 e incluído no livro Mensagem.

Sendo uma das mais importantes figuras da História portuguesa, muita coisa há a dizer - e a louvar - ao rei D. Diniz. De qualquer maneira, e por falta de tempo, neste momento prefiro apenas lembrar que foi um homem de grande inteligência e que a sua corte foi pólo artístico e literário marcante na Europa.


quinta-feira, março 11, 2004

As armas da rainha 

D LeonorNo meu primeiro ano de liceu, a minha professora de Português apresentou-me a um dos meus locais preferidos em Lisboa, o Museu Nacional de Arte Antiga. Uma das peças que mais me impressionou foi uma fonte de pedra, construída no séc. XVI, em Portugal. A fonte apresentava esculpidas, entre outros motivos subsidiários do chamado estilo manuelino, duas cabeças coroadas, uma de mulher e outra de homem, acompanhadas pelas divisas do rei D. Manuel I e da rainha D. Leonor. A divisa do rei é a sobejamente conhecida esfera armilar, mas a da rainha – um camaroeiro - intrigou-nos e esta foi a história que a minha professora nos contou.

D. Leonor de Lencastre nasceu em Beja em 1458, filha de D. Fernando e de D. Beatriz, duques de Viseu. Casou com o rei de Portugal, D. João II de quem também era prima, e teve um único filho, o infante D. Afonso. Um dia, durante um passeio a cavalo na Ribeira de Santarém, o príncipe deu uma queda que o deixou gravemente ferido. O acidente foi testemunhado por um pescador que o recolheu em sua casa. Avisada a família real, D. Leonor deslocou-se a Santarém para trazer o filho, mas o estado do infante era grave e este não resistiu aos ferimentos.

Por reconhecimento ao pescador que cuidara do seu filho e certamente também para imortalizar D. Afonso e a sua própria dor de mãe, a rainha quis que o seu brasão passasse a representar um camaroeiro.

Não tendo tido mais filhos e após a morte do Príncipe Perfeito em 1495, D. Manuel, irmão de D. Leonor, tornou-se rei de Portugal.

D. Leonor morreu em 1525 e está sepultada no Mosteiro da Madre de Deus em Lisboa, que mandou edificar. Para sepultura do seu filho e do marido, mandou construir, no Mosteiro da Batalha, as chamadas Capelas Imperfeitas. Ao longo da vida, foi uma mulher de grande inteligência e sensibilidade, protectora das Artes e dos mais desfavorecidos.

Numa época em que o conceito de “saúde pública” não existia e os doentes estavam inteiramente dependentes da Caridade alheia (virtude cristã obrigatória, sem a qual não se chegava ao paraíso) os hospitais tinham a dupla função de tratar os doentes e albergar os mais desfavorecidos ou os que momentaneamente haviam caído em miséria (desde que sempre tivessem sido e se mantivessem honrados...), D. Leonor fundou o Hospital das Caldas da Rainha (já anteriormente D. João II havia iniciado a construção, em Lisboa, do Hospital de Todos os Santos) e fundou, em 1498, a primeira Irmandade da Misericórdia.

Esta história acompanha-me desde que a ouvi pela primeira vez. Lembra-me que reis, rainhas e outras figuras que estudamos não são apenas estátuas ou quadros, leis ou descobertas, tratados e guerras. Foram homens e mulheres, pessoas que provavelmente sofreram dores que ainda hoje não conseguimos imaginar. É esta humanidade que me interessa.

quarta-feira, março 10, 2004

Mátria 

Durante os anos 80, a genial Natália Correia aparecia no canal 1 da RTP - então a única opção televisiva dos portugueses, à excepção de meia dúzia de privilegiados que tinha antena parabólica e podia assistir aos canais estrangeiros - em horário nobre (no tempo em que os directores de programação não tinham pejo nem receio de colocar programas culturais em prime time), com um programa chamado "Mátria", que se propunha traçar as biografias e os percursos de algumas mulheres na História de Portugal.

"Mátria", juntamente com "Palavras Ditas" do magnífico Mário Viegas, são os dois programas de televisão que me ficaram atravessados na lembrança e que deveriam ser repostos, sobretudo agora, que atravessamos um deserto de completa "balda" na televisão nacional e porque o seu conteúdo é intemporal.

Uma vez mais, sem querer assumir capacidades que não tenho, decidi aprender mais sobre algumas figuras femininas da História portuguesa, sem seguir qualquer ordem cronológica e sem as distinguir em termos de importância. É uma maneira de conhecer ou recordar algumas figuras e uma simples mas sincera homenagem a uma mulher que faz, sem qualquer dúvida ou favor, parte da mátria portuguesa: Natália Correia.

Porque há pessoas imortais.


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